terça-feira, 28 de abril de 2009

Sempre chega a hora de dizer tchau.


"... Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada..."


Sempre acreditei que as pessoas pudessem entrar no mundo fake por acaso, mas nunca acreditei que ficassem por acaso ou por falta do que fazer em off, as pessoas ficam no mundo fake porque gostam e ponto final.

Em outubro de 2006, eu era uma adolescente muito 'enjoada', tinha 16 anos e passava a maior parte do tempo trancada no meu quarto, navegando pela internet, e foi assim que muito pelo acaso eu descobri o mundo fake. Nessa época eu não estava muito bem, tinha passado por coisas ruim, tinha perdido pessoas que eu amava e o fake, no primeiro momento, me pareceu uma forma de me distrair, uma forma de fazer eu esquecer um pouco das coisas que eu vivia em off.

Minha primeira fake se chamava Jo, era uma fake da Joana Balaguer. Ah, como sinto falta da minha Jo e de tudo que vivi e aprendi com ela. Nos primeiros dias, eu achava o fake meio chatinho. Eu era nova no fake, não conhecia ninguém que tivesse um fake, era amadora, não sabia o que era 'on' e nem o que era 'off', e eu adicionava qualquer pessoa que me adicionasse.

Eu conheci muitas pessoas, mas só as especiais me marcaram de verdade e me fazem lembrar-las até hoje. É falando assim, que me lembro que as primeiras pessoas que conheci e que me marcaram no fake, foram a Debby e o David. Me lembro até hoje a forma que os conheci. O David era meu primo, eu era apaixonada por ele e ele amava a Debby, que por sua vez amava outro. Tipo de fake, né? O David foi minha primeira paixão fake. Fiquei poucos meses gostando dele, até que conheci uma pessoa que literalmente, mudou a minha vida, o nome dele? Bruno, Bruno Gagliasso. Nossa, só quem conviveu comigo naquela época que consegue entender como o Bruno foi importante. Depois disso, conheci a Juliana e o Kaká (que tempos depois se tornou meu namorado). Eu não posso negar, durante todo esse tempo que tenho de fake, eu nunca tive momentos melhores do que os momentos que eu passei ao lado da Juliana e do Bruno, foram momentos tão lindos que causam muitas saudades. Foi depois que eles entraram na minha vida que eu realmente comecei a viver a minha vida fake e a me viciar nesse mundinho.

Entrei no fake em Outubro e em Abril eu conheci o homem que achava que fosse ser o da minha vida para sempre. Nando. Tivemos um relacionamento lindo, eu não me arrependo de nada que eu tenha vivido ao lado dele, ficamos juntos por um ano, um ano que foi muito importante na minha vida. Eu o amava de verdade. Hoje temos uma amizade meio de fases, melhor dizer que temos um coleguismo. Apesar dos pesares, eu não posso negar que ele tenha sido importante, ele foi o meu grande professor nesse mundinho e eu só tenho coisas boas para falar sobre ele.

Muitas coisas aconteceram. Mentiras off apareceram. Falsas amizades. Verdadeiras amizades. Brigas (uma em especial, onde eu passei um ano sem falar com a Juliana). Pessoas da minha vida off tomando espaço na minha vida fake. Pessoas da vida fake ganhando espaço na vida off...

Não lembro quando deletei a Jo, só lembro que foi por causa de uma briga com o Nando. Ter deletado a Jo é uma das coisas que mais me arrependo aqui no mundo fake, sinto muita falta dela. Mas como tudo na vida passa, a briga com ele passou e eu voltei para o fake. Então existiram muitas outras, Mariana, Ariadnes, Beatrice, e outras que não me lembro o nome, foram várias vidas na tentativa de me acalmar em uma delas. Foi então que surgiu a Dani, e com ela deu certo, eu me acalmei.

Foi na época da Dani que conheci o Rodrigo, na época off do Luca, atualmente ele é o Caio. Nem tudo são flores, eu perdi uma amizade por causa dele. É algo que não me arrependo, pois sempre estivemos juntos e já tem um ano nisso ai. Não vou contar o que aconteceu para eu perder a amizade, mas tem algo que eu não fiz. Essa amizade foi perdida sem ao menos ter uma conversa, só paramos de nos falar. Eu não vou dá corda nisso aqui também, eu só queria pedir publicamente desculpas a Isabeli Simons. Não conversamos a muito tempo, talvez eu tenha realmente errado contigo, talvez você não esteja mais nem ai para isso, mas para mim significa alguma coisa te pedir desculpas, porque você já fez parte da minha lista de amizades e você como todos os outros, teve seu alto valor na minha vida.

Enfim, pessoas muito importante entraram na minha vida, posso sem querer esquecer de alguém, mas as pessoas que eu amo, sabem que são amadas. Queria pedir muito obrigada por tudo que vocês foram e ainda são na minha vida, quero agradecer pela ajuda, pelo apoio, pela compreensão, por tudo. Algumas das pessoas que vou citar o nome, não estão no fake e outras talvez nem vejam isso, alguns nomes são do fake e outros nomes são off: Juliana, Bruno, Toddynho, Debby, Thiago, Ashton, Fernanda, Bruninha, Nando, Carol, Makavelli, Dêny, David, Isa, Alex, Padre Alex, Sean, Kamilla, Kaká, Matheus, Léo, Rodrigo, Mirella, Thomaz, Big Lion, James, Matt, Bruninho, Ledger, Antonella, Chris, Drica, Lilian, Ryo, Icaro, Vlad, Luna, Anitta, Daniel.. e ain, me desculpe se deixei de citar alguém (espero não ter esquecido de ninguém!). Eu amo muito vocês!

Mas voltando ao foco dessa atualização...

Eu via pessoas dizendo que tinham cansado desse mundo fake, deletavam o profile e tempo depois apareciam com um novo perfil. Eu nunca acreditei que pudesse para se cansar disso, achava que a única forma de se livrar do fake é tendo uma carga horário off muito pesada, assim sem tempo para isso aqui. Mas eu me enganei. Eu cansei do fake.

A dois meses atrás, eu e o Rodrigo resolvemos ficar em paz. Abrir mão do fake para viver um pouco mais a nossa vida off. E com isso eu vi que não preciso do fake pra nada, só preciso das amizades. Eu amo muito o Rodrigo a cada segundo mais. Ontem estavamos conversando sobre eu não voltar para esse mundo e deixar ele livre para tocar a vida dele se quisesse, ele me disse as coisas mais lindas do mundo. Disse que não anda entrando no fake porque eu não tenho entrado também, que não existe Caio sem Maitê, que se a Maitê for viajar, ele vai junto. Se a Maitê morrer, o Caio morre também. Achei isso lindo demais *-* Eu ia realmente deletar o fake, mas a Juh me pediu que não fizesse isso, que eu poderia sentir saudades e voltar algum dia, e é por ela que eu não vou deletar, vou apenas desativar.
Parece mentira, mas isso é real. Estou vivendo mais a minha vida off, estou exatamente onde eu queria estar e com quem eu queria estar. O fake não me faz falta.
Algumas vezes entrarei no msn para conversar com meus amigos, e outras vezes vocês verão o orkut online, porque para entrar aqui no blog, eu preciso entrar no orkut, por ser a mesma conta... O meu blog eu não vou abandonar não, gosto muito dele.
Bom, acho que é só isso que eu tinha para falar. Espero que vocês sobrevivam sem mim, rs :b
Beijos.

Um belo texto.


Eu estava me preparando para a minha próxima atualização e fui tentar relaxar um pouco a cabeça, porque bem ou mal, são 7:52 da manhã e eu só acordo de verdade depois das 10h. Achei esse texto por ai, não dizia o nome do autor. Ele mostra um pouco de como eu estou me sentindo.


Estou cansada! cansada de ter que as vezes sero que não sou para agradar as pessoas.Cansada de sorrir quando sinto uma enorme vontadede chorar, chorar até extravasar ou secar minhaslágrimas, que luto para que não inundam o meu rosto.por achar que não se vale a pena.cansada de fingir sentir o que não sintoe tantas vezes fingi apenas para agradar aqueles que,nunca se importaram em saber se estavam me agradando. Cansada de dizer palavras sinceras tão sinceras que mesmoassim foram duvidadas não acreditadas ou simplesmente jogadasno lixo ou debochadas, acima dessa sinceridade fora massacradas por certos convencimentos, esnobismo e mania de grandeza. cansada! de ouvir e nunca ser ouvida coma mesma atenção, com a mesma paciência, na maior boa vontadeque eu, quantas vezes sem que pudessem ver a tristeza quese estampava em meus olhos por achar que devia ter feito mais ouquando achava que havia fracassado em ajudar quem tanto precisavada minha ajuda. para depois ganhar um beijo, o beijo da traiçãoda falsidade, da mediocridade, o beijo que arde e machuca.cansada por ter que entender todos em quantona primeira oportunidade esse mesmo todo lança um punhalem minha costas e vara devagar para que entre todochegando a perfurar o meu coração sem se importar com a profundidadedo buraco e sorrir depois do estrago sem dor na consciência se agiu certo ou errado não importa. deixamo punhal cravado lá para mutilar aos poucos. cansada! de viver brincando fazendo brotar sorrisosdos lábios das pessoas ou arrancando boas gargalhadas e ser tachadade engraçada, sempre com as mãos no coração das pessoas amenizandoa suas dores, fazendo-as esquecer por um momento com esse meu jeitolouco de ser os seus desespero, suas solidão, depressão e fracassosou mesmo a dores do amor a dor da rejeição ou a dor da doença.para depois virem com palavras ásperas. duras, amargas, frias . cansada de amar superficialmente simplesmente porachar que o cara é legal, de amar quando se esta longequando perto não se sentir nada, e ter que fingir, ou achar queama apenas por que o perdeu e vem um sofrimento embutido, que com o passar dos dias as colas os parafusos começam a se soltare pensamos cadê todo aquele amor. não era verdadeiro. ouve sim varias vezesque pensei que estava sentindo outra vez o amor, mas não, eraapenas uma ilusão uma paixão que como num passe de mágica acaba da mesma forma que veio, termina se bem ou acaba-se muito malmas... simplesmente acaba.cansada! de pessoas que não me conhecem não convivemcomigo, nunca me viram, dizer que fiz ou disse isso ou aquilo.e na hora da satisfação a pessoa simplesmente coloca uma cara de anjo e tira o corpo fora para não se afogar em suas próprias acusaçõessem ter como se defender esquece da educação ou fingi esquecer semnem um pedido de desculpas de ambas as partes a que disse a que acreditou.simplesmente somem e se calam assustadoramente em uma atitude covarde.cansada de perdoar setenta vezes sete, a cadatapa que me davam, e a cada perdão na próxima levar um soco na boca do estomago onde o dia inteiro arrasada a me perguntaro por que desse soco, é... quando se bate não se sente dor mas prazerquando eu resolvo revidar com um tapa tão pequeno que perto dos vários socosera um gesto de carinho , ao me dar conta do que fiz, e pedir não setentanem sete vezes mas sim um perdão, simplesmente diziam não mas dizem para outros jamais a perdoarei o que ela fez não tem perdão.só eu tenho que perdoar e esquecer tudo, mas... sem ter o direito de ser perdoada, mesmo assim ainda perdoarei setenta vezes sete não importa se me perdoaram ou não.cansada! de acharem que sou metida, que o meujeito de ser é forçado mesmo depois de meses virem que nãomudei nem uma virgula, não gosto do meu andar, do meu modode falar odeio a minha voz, detesto a cor dos meus olhos e o meu olhare mais ainda odeio o jeito de gesticular com as mãos e odeioquando pego para conversar sério e ser tachada de inteligenteesses complementos odiosos me deram muitos traumas, e afastamentosde amigas que eu adorava e que pensava que sentiam o mesmo por mim.cansada de ser condenadas por amigas que costumamdar em cima de namorados das próprias amigas e acharem quefarei o mesmo com elas, engraçado mesmo na idade em queestou as novinhas eram para ser mais elas, não deviam se importarcomigo, não deviam se importar por um abraço inocente, que me dãoe acabam achando que estou gostando e que darei em cima, simplesmente somem, é digno de dar risadas eu sou realmente sei lá acho que era desbocada, brincalhona esse meu jeito não me fazdesrespeitar tanto elas quanto eles, e nem ser vulgar a esse ponto. não me interessa pegar o que é dos outros. sexo sem amor !!! pode ser decepcionante, alem do que para isso não precisa ser namorado de "amigas" sexo acha-se em qual quer lugar a qual quer hora. cansada da vida meu Deus como estou cansada!se eu soubesse que iria para um lugar de paz para descansarminha alma, eu arrancaria violentamente a minha vida.mas sei que se fizer isso nunca teria paz e não estou dispostaa ficar vagando nesse mundo que para mim não é mundo mas sim um verdadeiro inferno, quero me encontrar sim com todas essas pessoasque me tornam o fardo de viver muito pesado em algum lugar, peço todos os dias a Deusque seja rápido o meu fim, e quando chegar essa horaque seja como uma brisa leve suave que passa rapidamente.E que não demore a chegar não terei nada a perderNão agüento mais levar essa cruz, sei que o meu diaesta escrito as vezes penso se essa data não podia serantecipada, sinto em meus olhos uma tristeza muito grandenão só em meus olhos mas também dentro de mim, mas seguroa minhas lágrimas que mantenho boiando em meus olhos quandosinto que esta para cair eu simplesmente as seguro com os dedosA muito não choro, não quero chorar, mas o dia que meu corporepousar para todo o sempre, deixarei que minha alma choree derrame todas as lágrimas que segurei mas todas essas lágrimasque escorrerão como a uma fina cachoeira irá chorar de felicidade.

domingo, 19 de abril de 2009

Chega de amor bandido, baby.


Ai, que saudade, simplesmente saudade, de amores puros. Eu não quero e nunca quis amores bandidos para sempre, e quem quer? Nem mesmo aquele puto que te liga todas as noites, só para querer esse teu corpo, nem ele quer esse amor bandido, mesmo que seja contraditório em suas atitudes, mas no fundo, bem ali no fundo, sonha por um amor que não seja imundo. Podem até dizer que o Mal do século é a solidão, que isso? Podem até dizer que é uma fase de curtição, que isso? Cansa! Ei, tem alguém aí? Tu realmente gostas disso?

Atire a primeira pedra quem nunca sonhou com aquele amor conquistado só no olhar, nos arrepios só de tocar na pele. Pêlos atiçados com beijos leves em todo o corpo.

Ah! Nem mesmo aquele bando, que parece ser tão livre, tão nem aí para tudo, tão cheios de parceiros, tão amor moderninho. Mas é aí que eles se perdem e se encontram, nessa vontade louca de ter um amor puro, quando a solidão bate na porta aos domingos. Nem vem! Bate sim! Ainda mais quando chove e a rua fica sossegada, batendo um silêncio aterrorizante. De doer nos tímpanos. E o que tu fazes? Pega o celular, ou liga aquele tal de MSN, para conversar ou sair com os amigos. Solidão, baby.

Ah! Que isso? Beija-te numa noite e no dia seguinte beija outra. E na maior cara lavada, volta para a primeira sem pedir licença. É legal, é divertido, é bom para curar paixões abandonadas por aí. Mas são boas essas curtições eternas enquanto durou, afinal, cansa. E deixam as pessoas loucas e frustradas, com olheiras e ainda pisoteadas, abandonando potenciais amores numa gaveta cheia de teias e dores.

Quem numa noite nunca beijou uma boca e quis outra e mais outra? Normal, é natural, é legal, é demasiado humano. Mas é legal parando por ali. Depois você se escondes no banheiro, e gritaQuero uma merda de amor para mim!. Com a maior cara de choro.

Você vai querer os corpos mais lindos, para colecionar naquele álbum, e contar para todas as tuas amigas e amigos as tuas rápidas conquistas. Vai se apaixonar e vai querer justamente aquele que não quer nada contigo, é certeiro, é isso. Vai chorar aqui no meu ombro, e suspirar eu só quero alguém que me entenda. É isso, amor puro, baby.

Ah, quem nunca desejou uma companheira querendo a amiga dela e transar com aquela gostosa ali? Normal. Natural. É demasiado humano, mas você se cansa por ali. Porque é necessidade, é sexo, é suprir desejos do momento, é que nem comprar uma mercadoria que você usa, abusa e depois fica velho, joga fora. Porque só serviu para isso. Apenas use e abuse, baby. Faz bem para a pele, mas a pele envelhece um dia, baby.

Amor é um livro, já dizia Rita Lee. Mas não esse amor bandido… É o amor, puro, amor. Aquele que a gente compra, não pela capa, mas pelo conteúdo. E se entrega para ele numa fantasia em realidades. Esperando as novidades do próximo capítulo.

Atire a primeira pedra quem não quer um amor assim? Não precisa casar, não precisa ainda ter filhos, precisa apenas sonhar, compartilhar pizza e refrigerante no sofá da sala, ou passear naquele lugar tão desejado pelos companheiros.
Ah! Chega de amor bandido, baby! Até a puta um dia cansa, e sempre tem o cliente preferido.

Depois dos vinte.


* Texto inspirado na crônica Vinte e poucas coisas sobre os vinte e poucos anos, de Sofia Brunetta.

É, pela Constituição Federal, você já é adulto. Mais isso não significa que deixe de gostar dos desenhos da Disney, de bolas de gude, de pular em cima da cama quando está animado (mesmo que isso te traga um certo prejuízo, afinal de contas, são 34kgs a mais), de querer brincar de cuspe à distância depois de um esporro do chefe, e muito menos deixe de ter atitudes mesquinhas, mimadas, descontroladas e irracionais.

Depois dos vinte, você já pode percorrer mais precisamente os seus sonhos, mesmo que eles se modifiquem a cada dois meses, pois já entende que saindo de algum lugar sempre se chega a alguma parte.

Depois dos vinte, você já se apaixonou inúmeras vezes, e sabe que não interessa quantos anos você possa vir a ter, sempre que estiver nesse estado, voltará a ser mais burro do que quando estava no maternal. Também ainda não entende direito o amor, mas acaba percebendo que mesmo aos cento e dez, será complicado defini-lo.

Depois dos vinte as suas nádegas já sentiram o asfalto quente e todo o seu sangue resolveu visitar as bochechas, quando por ventura a lei da gravidade resolveu entrar em ação conjunta com a casca de banana. Já engoliu criações de búfalos ao invés de sapos, já sentiu o coração querer ficar anão numa despedida, já virou melhor amiga de Murphy, já entrou em mais encrencas do que a Maria do Bairro, já colecionou mais nãosdo que a sua lista de namorados. Também já provou a amargura de uma desilusão amorosa, da falência de um projeto que te custou inúmeras caixas de Tylenol e de um feijão azedado.

Depois dos vinte, você sabe que existem pessoas que deveriam ser indicadas ao Oscar pela brilhante atuação que fazem na vida real, sabe que seus pais são tão humanos quanto você. Sabe que o governo, os Estados Unidos, os outdoors, as suas amigas, as andorinhas, as mensagens subliminares e a mídia te manipulam e te influenciam (e, talvez, você só tenha começado a fumar porque viu a Mel Lisboa acabar trinta e sete carteiras de Carlton numa minissérie).

Depois dos vinte, você descobre que afogar os problemas na cachaça não valerá a pena, mas sabe que tomar uns porres de vez em quando ajuda a relaxar. Também descobre que chorar pela pinga derramada não resolverá nada, mas tem horas que é necessário. Descobre que amigos valem mais do que todas as cifras dos Bancos Suíços, mas que viver sem um boró no bolso é uma verdadeira porcaria.

Depois dos vinte, você já visitou paisagens incríveis, arquiteturas surreais, o Rio de Janeiro, raves, pagodes, pubs, botecos e bilhares cheirando a Ypioca. Mas ainda é pouco, pois você já aprendeu que desvendar o novo é, no mínimo, interessante.

Depois dos vinte, você já fez teatro, ballet, sapateado, flauta, fotografia, tae kwon do, musculação, yoga, kumon e dança do ventre. E mês que vem quer se matricular no pilates. Também já é uma boa enciclopédia: sabe falar de Chico Buarque, da Guerra da Bósnia, da era do rádio, de psicologia infantil e já é pós-doutourada em acne, metabolismo, dietas e hormônios.

Depois dos vinte, você entende que existem pessoas que a beleza supre o espírito, e que tem outras que o espírito supre a beleza. Também entende que não importa se a sua melhor amiga for sem pescoço e possuir meio metro de nariz: você sempre a achará incrivelmente bela.

Depois dos vinte você já se achou, se perdeu, se achou novamente e descobriu que ainda se perderá outras mil vezes, porque a cada ano que passa, mais em mutação estará o seu espírito. Ainda não entende muito bem esse tal de destino, mas até que acha ele boa gente. Desconfia das cartomantes, mas já foi em uma que acertou tudinho.

Mas talvez, a maior descoberta de todas, é quanto à felicidade. Depois dos vinte, já sabemos que não precisamos procurá-la, se a mantivermos em nós mesmos. E mesmo sabendo disso, ainda assim passaremos por situações em que perderemos o chão e todas as paredes. A vida é assim mesmo, passamos anos construindo, tijolo por tijolo, a nossa construção. Aí vem uma ventaria e destrói tudo. Então pegamos novos tijolos e voltamos a levantar nosso terreno, dessa vez com mais proteção.