segunda-feira, 10 de maio de 2010

Penso, logo inexisto.


Sentada, ela acende um cigarro. Aspira o cheiro da vida, o cheiro do destino. Olhando para o céu, ela avista as aves. Tão livres, tão donas de si. Fica ofuscada com o brilho daquele dia nublado, e o frio parece aumentar. Mas ele não o sente. Aquele vento a invade, e ela luta contra os pensamentos. Eles tem armas mortais, ela tenta afastá-los com toda a força da sua alma. Sem resultados. Olhando para o nada, eles vencem a batalha. E ela pensa. Pensa em toda felicidade que já teve, em todas as brincadeiras, naquele brilho no olhar. Pensa no acelerar do seu coração ao encontrar aquele amor, aquele único amor, o mais sublime e fugaz. Pensa nos seus sonhos, que se perderam, que se foram. Ela queria sorrir, mas o sorriso está morto, junto com a sua esperança. Ela queria reviver, mas a vida desistiu dela. Ela queria sentir, mas já não pode. Ela inexiste, e dentro dela habita a solidão.